sexta-feira, 25 de maio de 2012


O Parque Linear Ribeirão das Pedras em Barão Geraldo continua deteriorando e esquecido





O Parque Linear Ribeirão das Pedras em Barão Geraldo começa ao lado da Escola Rio Branco e vai até a Avenida Oscar Pedroso Horta, na entrada da Fazenda Rio das Pedras. Este Parque abandonado é o principal indicador das irregularidades que ocorrem no meio ambiente do distrito. Com o crescimento dos loteamentos sem sustentabilidade, o Ribeirão das Pedras tem suas margens alargadas pela erosão causada pelas águas das chuvas, com consequente diminuição da futura área utilizável do Parque que consta na Lei 9.199.

Em 1989, quando foi publicada a lei alterando a proteção das margens dos riachos de 5 para 30 metros (lei 7.803), as margens do riozinho das Pedras tinha apenas 1 metro de largura. Não havia ponte na Av. Atílio Martini, apenas uma tubulação de 90 cm permitia que a água passasse por baixo da avenida. Esta tubulação ainda pode ser vista sob a ponte atual, distante 5 metros da muralha construída no Tilli Center para conter a erosão devido às enxurradas atuais.

Em 2011, a distância entre as margens do ribeirão chegou a 25 metros em alguns locais do Parque Linear. Agora, em fevereiro 2012, na Rua Francisco Zuppi, ao lado da ponte para pedestres, a distância entre as margens aumentou 5 metros, atingindo 30 metros de largura. Veja a foto.



Com os lançamentos da Rossi e seus mega loteamentos na bacia deste Ribeirão, a situação está piorando. O primeiro lançamento da Rossi está em andamento ao lado do Shopping D. Pedro (ver foto). O segundo e terceiro loteamentos serão ao lado da Unicamp (fotos abaixo). Todos na bacia do Ribeirão das Pedras.

Quando estes loteamentos estiverem prontos, a erosão vai aumentar mais a distância entre as margens do Ribeirão. A tendência é ultrapassar a faixa de preservação de 30 metros de cada lado das margens e não vai mais haver Parque Linear Ribeirão das Pedras. Haverá apenas uma valeta monstruosa para escoamento das enxurradas. Com isto, Barão Geraldo vai perder a ciclovia e a área de lazer prevista lei 9.199. Esta ciclovia deverá unir o Parque Linear aos principais pontos de acessos às universidades, terminal de ônibus, moradia estudantil, Recanto Yara, lagoa da Fazenda Rio das Pedras e Parque Ecológico de Barão Geraldo. Isto é lei, mas a pressão dos loteadores e correligionários para esta lei ser esquecida é grande e estão conseguindo.



Em 2010, pouco antes do lançamento do loteamento da Rossi ao lado do Shopping, A AMOC promoveu uma grande manifestação popular contra a Escola Rio Branco e Tilli Center, inclusive com carro de som do Sindicato dos Bancários. Manifestação esta errônea, pois estas entidades não infringiram nenhuma lei de invasão dos 30 metros. As construções são do tempo que a proteção do Ribeirão era 5 metros, mas a movimentação desviou a atenção do citado loteamento que foi aprovado sem a sustentabilidade do Parque Linear. A citada associação, que ganhou sede da Sanasa, não fez nenhum movimento contra este loteamento que foi mais um duro golpe no Ribeirão das Pedras. Ver matéria da época: colocaram o bode no Ribeirão.



Agora neste início de 2012, nas vésperas do lançamento de mais um loteamento da Rossi ao lado da Unicamp, surgiu um novo movimento no Distrito: A lagoa da Fazenda Rio das Pedras. Este movimento está desviando a atenção do Parque Linear que vai sofrer o golpe mortal com estes loteamentos e perdermos a ciclovia e a área de lazer.



Tem coisa errada neste movimento:

A Lei 9.199 de 1996 foi elaborada por técnicos especializados da Unicamp e Puc que ouviram a população de Barão Geraldo. Uma das solicitações da população e dos ambientalistas de Barão Geraldo foi que a lagoa da Fazenda Rio das Pedras fosse preservada. Dezenas de técnicos da Unicamp, Puc, Prefeitura e centenas de baronenses vivenciaram, planejaram e concretizaram esta solicitação, que foi aprovada na lei 9.199 no ano de 1996.

Podemos imaginar as dificuldades destes idealizadores: planejamento, parte jurídica, negociações para não haver processos contrários, etc. Foi difícil, demorado e envolveu dezenas de pessoas interessadas no meio ambiente do distrito.

Em 13/11/2003 o Condepacc (Conselho de defesa do Patrimônio) determinou que as cinco matas e as duas lagoas da Fazenda Rio das pedras fossem tombadas como patrimônio da cidade. Ou seja, as cinco matas e as duas lagoas foram definidas como bens de interesse ambiental e histórico-cultural. Veja a Resolução - clique aqui, entenda o que já está decidido e não tem retorno, inclusive os 100 e 300 metros no entorno dos bens tombados. Esta resolução não tem retorno, as lagoas e matas estão tombadas e serão preservadas como estavam na data do tombamento.

Tornar a área pública está na Lei 9.199 que prevê uma ciclovia em volta da lagoa interligando com o Parque Linear Ribeirão das Pedras. Esta urbanização para frequência pública nas lagoas e matas está atrelada às leis de preservação da flora e fauna no distrito que prevê um corredor biológico entre os ecossistemas da região. Não se trata simplesmente de abrir o acesso até lagoa para a população. A lagoa está tombada e não pode ser alterada.



Enganam-se quem pensa que o governo vai comprar ou desapropriar a lagoa e a população vai frequentar o local como faz na Lagoa do Taquaral. Mesmo se o proprietário do bem tombado quisesse abrir os portões para a população, não pode, o tombamento é para preservação da lagoa e dos ecossistemas da região. Qualquer urbanização precisa ser estudada e aprovada. O objetivo do tombamento é ecológico, visando a preservação do meio ambiente e não popular para despertar interesse em visitação. O maior problema com as visitas em um Parque tombado para preservação dos ecossistemas da região é que a população não tem preparo cultural para isto, nem mesmo alguns órgãos públicos que deveriam cuidar do meio ambiente têm preparo para isto, como podemos constatar com as podas das árvores em Campinas.





É interessante que os baronenses saibam:

1- A área que já está tombada na Fazenda Rio das Pedras tem como concorrente em beleza, dimensão, história e falta de verbas da Prefeitura para sua manutenção, o belíssimo Parque Monsenhor Salim, o Parque Ecológico de Campinas, ao lado do Shopping Iguatemi, doado para a Prefeitura de Campinas.

Este Parque Ecológico tem projeto paisagístico de Burle Marx em 110 hectares na antiga fazenda Mato Dentro, que foi em 1820, propriedade de Maria Luzia de Sousa Aranha, a Viscondessa de Campinas.

Veja foto da Fazenda.

Esta fazenda está liberada para a população frequentar, é linda, histórica, gratuita e o local é de fácil acesso. O casarão é magnífico e tem explicações da história da fazenda. Acontece que a frequência é mínima, com apenas 1 ou 2% do estacionamento utilizado nos finais de semana. Visível demonstração de que atualmente a população está mais voltada para ciclovias e caminhadas pelas avenidas, a exemplo da Av. Norte-Sul aos domingos, Lagoa do Taquaral e Parque Ecológico de Barão Geraldo.



2- Em um folheto sobre a Fazenda Rio das Pedras que está circulando em Barão Geraldo, cita que a Constituição garante ao Poder Público o direito de usar o dinheiro público para transformar áreas privativas em parques, mediante pagamento antecipado e justo. Esta citação não cabe no caso, pois trata-se de comprar o lugar mais caro, no distrito mais caro e na região mais verde da cidade. Além disso, não precisa comprar nada, as matas e lagoas já são tombadas e preservadas, não podem ser alteradas.



3- Colocar os proprietários para fora e tomar a fazenda para visitação pública é fora de questão, vivemos em um país onde as leis protegem a propriedade privada. Aliás até demais. Estou citando este item por que já ouvi esta alternativa que seria a glória para adeptos de filosofias alienígenas contrárias à propriedade privada.



4- A tendência é o entorno da lagoa maior tornar-se pública após estudo da preservação do ecossistema e cuidados na visitação, quando isto acontecer não poderemos esquecer de homenagear os inúmeros idealizadores que trabalharam muito para a preservação das matas e lagoas da Fazenda Rio das pedras. Principalmente os técnicos da Unicamp, Puc, Condepacc, Prefeitura e as centenas de baronenses que se reuniam no Salão Paroquial para discutir a lei 9.199.



5- Precisamos ficar atentos quanto ao Parque Linear Ribeirão das Pedras com uma ciclovia pavimentada e, de preferência, com a pista para caminhada ao lado, sinalização, com bebedouros e bancos em meio de muito verde e sombra que já existe. É o que Barão Geraldo precisa a curto prazo e o valor envolvido é baixo. A dificuldade são os loteadores, correligionários e a falta de interesse do poder público, que estão permitindo o sucateamento de um parque que será o cartão de visitas de Barão Geraldo.



Alfredo Moro Morelli

redator do Barão em Foco



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