sexta-feira, 11 de maio de 2012

Lixo toma patrimônio ambiental

Texto tirado da folha de São Paulo(jornal) e editado pelo grupo 5.

Lixo toma patrimônio ambiental



  
   Rogério Verzignasse

   DA AGÊNCIA ANHANGUERA
  
 O Parque Linear do Ribeirão
das Pedras foi concebido, ao
longo da década passada, como
um ousado projeto de
gestão ambiental urbana. Nada
menos que R$ 31 milhões
foram investidos na recomposição
ciliar, instalação de
equipamentos de lazer e
obras de saneamento básico.
Parcerias com a inciativa privada
viabilizaram intervenções
pontuais.
    Mas o tempopassou e as margens do córrego foram tomadas por mato.E o abandono é notado
por pessoas que, no passado,se entusiasmaram com o projeto.
   Quem mora, trabalha
ou estuda por perto do ribeirão
se acostumou com cheiro
ruim, trechos erodidos,
garrafas, lixo esparramado.
Em alguns trechos do sonhado
parque, o cenário chega
a ser agressivo. Na própria
nascente do ribeirão, a alguns
metros da Rua Manoel
Pereira Barbosa, a sujeira já
aparece.
   Como muita gente  passa por lá, descansa na sombra e bebe água da bica,ficam espalhados pelo chão galões, copos, garrafinhas,
embalagens. Mas o maior
drama está a 25 metros da
nascente. Há esgoto lançado
clandestinamente. A água escura,
fétida, fica empoçada
na boca do cano, corre lenta
para o ribeirão, por entre as
pedras.              

 Ao lado do Parque D Pedro
Shopping, por exemplo,
chegou a ser inaugurada
uma pista de cooper revestida
com pedriscos, que atravessava
a mata fechada. Mas
a erosão abriu rombos imensos
e ninguém mais caminha
por ali. As clareiras abertas
na mata viraram ponto de encontro
de usuários de droga.
   Do outro lado do ribeirão, as margens foram ocupadas
por imóveis do Jardim Santa
Genebra. O entulho é despejado
no barranco.
   O primeiro trecho urbanizado do planejado parque,
ao longo da Rua Catharina Vicentim,foi entregue ainda
em 1999. A alameda, que erausada para caminhada, vazia,mostra que a população se desinteressou pelo espaço.
   Se podas e varrição sãofeitas ocasionalmente, os galhos secam ali mesmo, amontoados,
e ninguém faz a coleta
do material. A velocidade
da degradação é maior que a
capacidade da Prefeitura em
cuidar da gleba.
   O desencanto público com o projeto também pode ser notado na Rua Francisco Humberto Zuppi, na Cidade Universitária. A gleba que margeia o ribeirão, por ali,servia como exemplo do engajamento comunitário.Na década passada, a associação
de moradores do bairro
ordenava a remoção do mato
e o plantio de mudas. Mas
o empenho dos vizinhos diminuiu
com o tempo. Hoje,
até existe quem arregaça as
mangas e apara o mato no
trecho em frente de casa.
   Mas logo ao lado, o mato é alto e o visual é de abandono.Quem passa pela antiga passarela
de madeira (destruída
pelo tempo), vê o ribeirão poluído
por garrafas pet, latas
de cerveja, cacos, sacos de lixo.
Na esquina da Avenida Oscar
Pedroso Horta com a
Rua Heitor Nascimento, os
pedestres caminham pelo trecho
que resta da calçada. O
mato esconde até o monumento
de 2004, que marcou
a inauguração da travessia sobre
o córrego. Quem passeia
pelo trecho sente desapontamento.
Dá a impressão de
que o parque linear vai sumindo
antes mesmo de ficar
pronto.
Prefeitura
promete
força-tarefa
na área
Odescaso com a
manutenção do
Ribeirão das Pedras
foi denunciado, nesta
semana, por alunos e
professores do tradicional
Colégio Rio Branco. Desde
a inauguração do primeiro
trecho do parque, os
estudantes participam de
ações de reflorestamento
da área próxima à escola.
Lá, orientados pela
professora Mírian
Martinez, as crianças do
Ensino Fundamental
aprendem sobre o meio
ambiente e fazem a
recomposição voluntária
da mata ciliar. Mírian fala
das orientações de manejo
do solo e preservação,
ministradas com a ajuda de
técnicos do Instituto
Agronômico (IAC). Os
relatórios elaborados em
junho do ano passado por                               
especialistas do instituto
mostraram que, naquele
pequeno trecho
reflorestado, já se notavam
40 espécies diferentes de
aves. Os números
incentivaram ainda mais a
garotada. A professora
admite, no entanto, que a
crise política na
Administração, ao longo do
ano passado, prejudicou o
projeto da escola.
“Os próprios serviços
públicos de manutenção
regrediram, praticamente
pararam. Não se retira nem
galhos derrubados por
temporal. É difícil manter o
entusiasmo de um projeto
ambiental voluntário
quando o trabalho corre o
risco de ser perder.”
(RV/AAN)

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